Uma pequena parte da sociedade brasileira, conhece o TEA como um distúrbio neurobiológico, impactado por muitos fatores genéticos e ambientais, que se desenvolve em cerca de 77 milhões de indivíduos no mundo e com incidência de 80% no sexo masculino e 20% no feminino.
É verdade que a comunidade de autistas vem crescendo nas últimas décadas, porém não sendo uma doença contagiosa, não há hipótese de pandemia. Ocorre maior sensibilidade de habitantes, mais interesse dos familiares, mudança de critérios do diagnóstico, multiplicidade de profissionais da saúde, maior divulgação do autismo e sua complexidade e repercussão.
Pesquisas revelam que o instigante TEA apresenta-se influenciado por fatores ambientais na ordem de 20% e fatores genéticos dispostos em 80%. Minha abordagem de hoje, é sobre o ambiente, embora com menor participação, é relevante em numerosos casos constatados por profissionais, que contam com a família e cuidadores. Na ciência, existem obras citando complicações e consequências dos fatores ambientais e muitas a espera de repetições.
Apresento alguns riscos que podem acontecer na gravidez: prematuridade do parto, déficit de vitamina D, desequilíbrios imunológico e hormonal, fenilcetonuria (defeito congênito do metabolismo), ácido fólico, volporato de sódio, pesticida (glifosato), neurofibrimatose (tumores no sistema nervoso), acumulação de metais pesados ( alumínio, cádmio, mercúrio, chumbo e arsênio ), antibióticos, antidepressivos (fluvoxamina, citolopram, escitalopram, parapoxetina, sertralina e fluvoxamina), uso de drogas ilícitas, poluição atmosférica, diabetes, hipertensão arterial sistêmica materna, insuficiência placentária e idade avançada dos pais na concepção.
O incitamento deles:
Nascimento do bebê com parto prematuro de 26 semanas pode alterar a conectividade de diversas áreas do cérebro e causar atrasos na fala e interação social; em 1967, Rimland, encontrou o primeiro caso de alergia a leite de vaca (caseina); a revista Nature Medicine avultou um trabalho apontando uma possível relação entre o autismo e consumo excessivo de cannabis; em 2010, Dietert e Dewitt, descreveram a presença de metais pesados relativos a sulfridrila ao apresentarem concentrações maiores em crianças autistas do que em neurotipicas, avaliando seus cabelos; estudos relacionados a idade dos pais acima de 45, 50 ou mais anos, como possível fator de risco ambiental; em 2015, o periódico acadêmico Jama, divulgou uma pesquisa cujas mães apresentaram diabetes gestacional e tiveram risco de 42% do TEA em bebês; em 2018, uma investigação na Escola de Medicina de Mount Sinai, Nova York, EUA, deslindou agentes como taladomina ( controle de câncer e lupus), misoprostol (tratamento de epilepsia e bipolar); clorpirito (pesticida) poderiam impactar o TEA; a revista médica Environmental Health Perspectives, enunciou uma pesquisa que grávidas que vivem perto de fazendas rurais ou perto de plantações que utilizam o pesticida glifosato tem 66% de ter um filho autista e, caso essa exposição aconteça durante o segundo e terceiro trimestre, a probabilidade é maior; em 2012, o periódico norte-americano Pediatries, mostrou um estudo revelando que maior obesidade materna aumentou em 67% de chance do bebê ter TEA; informes demostram que o uso de depressivos sem cautela pode inibir o neurotransmissor serotonina no estabelecimento das conexões neurais, durante a formação do cérebro, favorecendo o surgimento do autismo; segundo estudo da Universidade de Harvard, EUA, mulheres grávidas que estiveram expostas a altos níveis de concentração de micropartículas de diesel e de mercúrio no ar atmosférico, teriam duas vezes mais possibilidades de dar à luz um bebê com autismo e, também, mulheres gestantes, que viviam em áreas com elevados níveis de cloreto de chumbo e cloreto de metileno, apresentaram 50% mais probabilidade de ter um filho com TEA; há relatos sobre a suplementação com ácido fólico, no pré-parto e na gestação, com benefícios para o bebê, mas uma possível indicação é tomar 400 microgramas/dia.
Se a gestante tomar doses bem maiores ou bem menores, há chance do bebê ter TEA; um estudo realizado na Universidade de Queensland, na Austrália, descobriu que baixas quantidades de vitamina D no organismo da grávida, aumenta o risco do bebê ter TEA; estudos mostram que durante o período de gestação, é importante lavar bem as frutas e verduras para redução das concentrações de agrotóxicos, evitando o risco dos bebês terem autismo; uma pesquisa publicada na revista científica Pediatries, avultou que em curto espaço entre duas gestações (menos de um ano), aumenta o risco do TEA no bebê; e, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelam que o uso prolongado do paracetamol durante a gravidez, aumenta em 30% a probabilidade do bebê nascer com autismo.
Ressalto que as pesquisas sobre os fatores ambientais e genéticos impactantes no TEA, devem ser incentivadas nas escolas, instituições, centros, faculdades, universidades e pelo governo e merecem o reconhecimento público.
Assim, convido os membros da comunidade dos autistas, usando as redes sociais, a parabenizar os acadêmicos brasileiros de diferentes áreas de saberes, no próximo dia 8 de julho, em celebração ao Dia do Pesquisador Científico, por ofertarem a luminescência nos destacados trabalhos de interesse dos indivíduos com TEA, das famílias, dos cuidadores, dos profissionais e da sociedade em geral.
Vocês são a esperança de nossos filhos autistas. Gratidão!
Fraterno abraço.
Oswaldo Freire
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